19 junho 2012

Anésia foi a primeira mulher no sertão baiano de Jequié a ingressar no cangaço


O romance Anésia Cauaçu se baseou em narrativas orais de pessoas que ouviram histórias relacionados aos Cauaçus ou que mesmo chegaram a conhecer personagens do romance. A obra procura também preservar a pronúncia e a morfossintaxe popular. Neste sentido o romance é rico em palavras e expressões da variante linguística do catingueiro das primeiras décadas do século XX.

O romance pode ser considerado também uma meta-narrativa-histórica em que o autor procura na ficção revelar fatos históricos e acontecimentos presente na memória coletiva através da tradição oral. Para o escritor Domingos Ailton, autor do romance, “Anésia Cauaçu tem uma dimensão tão grande que não cabe apenas nos estudos sociológicos. A ficção tem este poder de representar o imaginário”.

Os feitos dos Cauaçus estão presente na memória coletiva de algumas pessoas idosas ainda hoje em Jequié, mas se não houver ainda trabalhos como este romance os fatos poderão se perder com o tempo sem que as novas gerações conheçam esses acontecimentos marcantes da região de Jequié. A ideia do autor da obra é que o romance seja estudado nas disciplinas do curso de Letras e no ensino médio e fundamental.

BASE CIENTÍFICA

O romance Anésia Cauaçu se baseou também em fontes científicas como os livros História de Jequié ( Imprensa Oficial do Estado, 1971), Capítulos da História de Jequié ( EGB, 1997) e Nova História de Jequié (Gráfica Santa Helena, 2006) de autoria do historiador Émerson Pinto de Araújo e nas dissertações de mestrado Anésia Cauaçu: Mulher- Mãe-Guerreira, um estudo sobre mulher, memória e representação no banditismo na região de Jequié – Bahia. (Unirio, 2001), de Márcia do Couto Auad e De tropeiro a coronel: ascensão e declínio de Marcionillo Antônio de Souza (1915-1930) - (Ufba, 2009), de João Reis Novaes.

O romance Anésia Cauaçu é uma contribuição para recuperar parte importante da história do cangaço e dos coronéis em parte representativa do sertão baiano na República Velha, e da memória coletiva da região de Jequié.

CANGACEIRA

Anésia Adelaide Cauaçu, foi uma cangaceira brasileira que viveu na região de Jequié, interior da Bahia, no início do século XX. Inicialmente, Anésia era uma dona de casa dedicada ao marido e a filha, mas abandonou essa vida para ingressar no cangaço, juntando-se aos seus tios e e irmãos que formavam o temido e afamado bando dos Cauaçus.

Carismática e extremamente bonita, Anésia era o membro mais célebre desse bando pois, além de ter conhecimento de táticas de guerrilha e ter uma mira infalível, ela também jogava capoeira. Um de seus grandes feitos foi de arrancar, com um tiro certeiro, o dedo de um delegado que indicava aos policiais onde deveriam se posicionar, durante um tiroteio no centro de Jequié, a uma distância considerável.

Em 1916, Anésia abandonou o cangaço e foi viver com sua família sob proteção de um fazendeiro que devia favores aos cauaçus mas, traída pelo mesmo, foi entregue a polícia e nunca mais se teve notícias dela. O escritor Ivan Estevam Ferreira, no seu livro "A Pedra do Curral Novo", sugere que Anésia pode ter falecido em Jequié e a identifica com uma anciã que morreu no ano de 1987 com 93 anos, que vivia sob os cuidados de pessoas caridosas.

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