21 maio 2012

Música & sexo, uma relação muito estreita (11)

Grito de revolta (2)

Enquanto os Beatles preservaram sua integridade trilhando um caminho neoromântico, os Rolling Stones aumentaram a sensualidade de suas apresentações.  Mick Jagger cantou “I just wanna make love to you” (Eu só quero fazer amor com você) e “Let´s spend the night together” (Que tal passarmos a noite juntos?). Uma mensagem reforçada pela linguagem corporal igualmente inequívoca.

Para o professor de história moderna na Universidade de Cambridge, Tim Blanning, “os Rolling Stones tiveram a sorte de entrar em cena justamente quando duas tendências sociais poderosíssimas começaram a convergir com uma tremenda sinergia: a revolução sexual e o choque de gerações. O grupo se beneficiou dessa combinação – além de dar um impulso adicional de poder inquestionável, embora inquantificável. Para os adolescentes em busca da liberação sexual como parte da rejeição da cultura dos pais, bandas de rock como os Rolling Stones se tornaram ídolos muitos atraentes. Na cultura popular do passado, o sexo havia sido edulcorado em baladas melosas ou insinuado discretamente (a câmera passando de um beijo para um trem entrando no túnel). Agora estava a vista, sem rodeios, cada vez mais explícito” (BLANNING, Tim, O Triunfo da Música, 2011, p.331).

Para ele, o rock “tirou o sexo do armário da classe média de meia idade, trazendo-o para o centro de uma cultura jovem, que é, de forma consciente e agressiva, hedonista e amoral” (p.332, 2001).
“De todas as mídias de massa, o rock é a mais explicitamente voltada à expressão sexual. Isso reflete sua função como forma cultural jovem: o rock trata do problema da puberdade, aborda e explicita as tensões psicológicas e físicas da adolescência, acompanha o momento quando meninos e meninas aprendem seu repertório de comportamento sexual público”. A afirmação é dos sociólogos Simon Frith e Angela McRobbie (Rock and sexuality, em On record: Rock, pop and the written word, org. Simon Frith e Andrew Goodwin (Londres, 1990, p.371)

No plano da imagem, o músico de rock assumiu e divulgou o modelo unissex, derrubando o estereótipo masculino tradicional e adotando seu lado feminino. A ambiguidade é ostentada como rebeldia sarcástica. No grupo de Alice Cooper (Alice é homem), todos os componentes (homem) se apresentavam travestidos, com cílios postiços e mini-saias. Ele explica sua ambiguidade sexual deliberada: “As pessoas ficam muito surpresas quando entram em contato conosco e verificam que somos homens de verdade. É muito simples. Todo mundo é parte homem, parte mulher, e você tem que aceitar as duas partes se quiser que a cuca funcionem bem. É a lei natural. As pessoas que se sentem ameaçadas por nós realmente não estudaram a fundo sua própria sexualidade. Mas, depois de nos verem, sempre levam alguma coisa para ruminar em casa”.

Na linguagem de Jung, é o homem assumindo a anima, o componente feminino da sua personalidade. O uso de cabelos compridos pelos jovens da década de 60 se deveu principalmente à imagem criada pelos cantores de rock, e o mesmo vale para a revolução nas roupas. O modelo unissex é promovido, sobretudo, no plano cenográfico. Mas também não faltam, nas letras de rock, as citações de natureza sexual. O próprio nome rock’n’roll é expressão quase direta do ato sexual, originando-se de um velho blues que diz “meu homem me embala com um balanço legal (My daddy he rocks me with a steady rolll). O establishment reage ao rock como reagia trinta anos antes ao jazz, cujo nome veio da palavra “jass”, expressão de gíria carregada de conotações copulatórias,. O jazz teria surgido em 1900 no “bairro da luz vermelha”. Storyville, ou seja os bordéis de Nova Orleãs que um sociólogo descreveu como “uns quarenta ou cinqüenta quarteirões de sexo e música”. A associação entre música e sexualidade é uma constante.

A atriz e cantora anglo-francesa Jane Birkin ficou famosa nos anos 60 e 70 como protagonistas de papéis eróticos. A canção “Je t’Aime Moi Non Plus”, composta pelo seu então marido Serge Gainsbourg, chegou a ser proibida em 1969 no Brasil. No filme de Michelangelo Antonioni, “Blow-Up-Depois Daquele Beijo” ela rolava no chão e mostrava os seios. Em “A Bela Intrigante” ela passa o filme de Jacques Rivette praticamente nua. Teve ainda “Se Dom Juan Fosse Mulher”, “Slogan”, “O Muro das Maravilhas”, “A Piscina” e “Excesso e Punição”. Este último sobre um pintor pornográfico.
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