30 março 2012

Personagens com identidade brasileira nos quadrinhos (10)

No dia 20 de setembro de 1982 o Caderno B do Jornal do Brasil passa a publicar, todos os dias, de segunda a sábado, dez tiras nacionais das 20 que edita. São elas: Vereda Tropical, de Nani; Avis Rara, a tira de estreia de Bruno Liberati; Zarzan, de Cláudio Paiva; O Pato, de Ciça; Doutor Baixada, de Luscar; As Mil e uma Noites, de Paulo Caruso; A Turma do Pé Sujo, de Davilson; Cebolinha, de Maurício de Sousa; Lar, Doce, Lar, de Hubert e Agner; e As Cobras, de Luiz Fernando Veríssimo.


Em 1983 a Editora L&PM lança o livro As Origens do Capitão Bandeira, de Paulo Caruso e Racif Jorge Farah. Branco, sem cultura. Tem defeitos, crenças e cultiva algumas tradições. Ingênuo. Um super-herói tropical, mistura de Carlos Gardel caboclo com um Ghandi tupiniquim. Assim é o Capitão Bandeira. Em 64 páginas, os autores contam a história de um herói cujo lema é errar sempre, um malandro normal, mas difícil de seguir os passos.


Depois do sucesso em livro e peça teatral, O Analista de Bagé, de Luís Fernando Veríssimo chega aos quadrinhos, pelas mãos do desenhista Edgar Vasquez (1983). O livro, primeiro da série Quadrinhos, da editora gaúcha L&PM, reúne dez “causos” do famoso analista com seus índios velhos pirados. A obra revela não apenas o seu método terapêutico infalível (o joelhaço), mas, de maneira bastante didática, fornece receitas para casos incuráveis. Vasques diz que criou o Analista baseado na figura do humorista gaúcho Guaracy Fraga.


O personagem nasceu em 1984 de um livro de sucesso, o Menino Maluquinho, criação de Ziraldo. Garoto urbano, irreverente, original e com toda a força da lógica infantil. Sua primeira aparição nos quadrinhos aconteceu na Revistinha do Ziraldo, tentativa frustrada de atingir o público infantil com uma publicação excessivamente intelectualizada, que não passou do número seis. Agora, o garoto volta à cena, muito menos conceitual e muito mais ativo. Seus amigos são Bocó, Julieta, Adão (o menino mais bonito do mundo) e Forbes, um crioulinho paupérrimo, são alguns deles. O número de estreia saiu pela Editora Abril.


O principal personagem do cartunista Glauco Villas Boas é um consumidor inveterado de uns 30 anos, solteiro que mora com a mãe - com quem tem uma relação neurótica- e continua virgem até hoje. Geraldão bebe, fuma muito, vive atacando a geladeira e toma todos os remédios que vê pela frente. No começo, ele usava uma calça sem elástico. Depois, passou o dia todo peladão. Geraldão começou a ser publicado em tiras na Folha de S.Paulo em 1984. A revista circulou entre 1987 e 1989. Além desse personagem com complexo de Édipo tem Doy Jorge um rock star viciado, o Casal Neuras, Zé do Apocalipse (hippie místico) e Dona Marta (quarentona, solteirona e carente). São paranoias, neuroses e distorções freudianas mais espalhafatosas do repertório nacional.


Em1986 o ex-veterinário Fernando Gonsales lança no Folha de S.Paulo a série Níquel Náusea. Níquel é uma ratazana de esgoto, e faz parte da fauna urbana que resiste aos homens. Com ele, convivem Dolores, a pulga, e Fliti, a barata viciada em inseticida, além do sábio do buraco – “um rato profético e esclerosado”. No ano seguinte as tiras de Níquel Náusea ganham revista própria. A Folha também publicou em 1987 tiras do cartunista paulistano Caco Galhardo (Pescoçudos) e Fernando Gonsales (Níquel Náusea).


O rato de esgoto chamado Níquel Náusea é uma paródia do camundongo criado por Walt Disney, assim como outros personagens parodiam objetos ou personagens famosos: Flit (uma barata viciada em inseticida), Gatinha (a rata pela qual Níquel é apaixonado), Rato Ruter (desprezível, com um apetite voraz e uma personalidade explosiva), Sábio do Buraco (o rato mais velho que existe, oscila entre momentos de sabedoria e esclerose). Em 1988 Adão Iturrusgari publica Rock & Hudson, a dupla gay que vivencia a odisseia do faroeste americano. Em 1996 Adão Iturrusgari captou com grande maestria a alma da mulher livre dos tempos atuais com a personagem Aline.


Em 1995, a Editora Abril Jovem publica o gibi Turma do Barulho. Através de uma linguagem irreverente, Toby, Babi, Milu, Kid Bestão, Bobi, entre outros, viviam aventuras dentro de um ambiente escolar longe de ser politicamente correto, onde os roteiros eram desenvolvidos a partir da ideia o humor pelo humor. No fim da década de 1990 e começo do século XXI, surgiram na internet diversas histórias em quadrinhos brasileiras, ganhando destaque a webcomics dos Combo Rangers, criados por Fábio Yabu que tiveram três fases na internet (Combo Rangers, Combo Rangers Zero e Combo Rangers Revolution), uma minissérie impressa e vendida nas bancas (Combo Rangers Revolution, Editora JBC, 2000, 3 edições), ganhando, posteriormente, uma revista mensal pela mesma JBC (12 edições, Agosto de 2001 a Julho de 2002) e, posteriormente, pela Panini Comics (10 edições, Janeiro de 2003 a Fevereiro de 2004) e os Amigos da Net, criados por Lipe Diaz e Gabriela Santos Mendes.

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