28 março 2012

Personagens com identidade brasileira nos quadrinhos (8)

Em Natal (RN), Emanoel Amaral publica a tira O Super Cupim, a sátira dos super-heróis. No ano seguinte, Ota (Otacílio d´Assunção) publica no RJ Os Birutas. Os Birutas foi a primeira revista de HQ inteiramente escrita e desenhada por Ota e saiu em 1973. A revista durou três números e os personagens já tinham aparecido antes em tiras diárias no extinto diário carioca O Jornal, entre 1972 e o início de 1973.


E no Espírito Santo, Milson Henriques publica Marly, a personagem capixaba. Marly é uma solitária afim de sempre se doar. Amiga inseparável de Creuzodete, sempre ao telefone, as duas vivem trocando ferroadas e alfinetadas. As tiras publicadas na imprensa capixaba, também conhecidas em outros pontos do país, precederam o sucesso no teatro.


Criada pelo ator, diretor e desenhista Milson Henriques em 1973, Marly só se transformou em personagem de carne e osso em 1992, com a primeira versão de Hello Creuzodette para os palcos, quando Milson Henriques soube transpor com sucesso a heroína dos quadrinhos para o teatro.


Em 1974 no Rio Grande do Sul Edgar Vasques publica Rango, tira que marcaria época no meio universitário com sua forte crítica social. Os quadrinhos do Rango, um dos mais célebres anti-heróis das tiras brasileiras, que resumia na época da ditadura – e ainda resume – a miséria do nosso povo, está de volta em edição comemorativa. O personagem tem a cara do Brasil: miserável, esfomeado, marginalizado, pobre e desempregado, que vivia dentro de uma lata de lixo.


A primeira aparição de Rango foi na revista Grilus, a revista do Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde Vasques então estudava. A partir de 1973, Rango ocupou as páginas de vários periódicos brasileiros, como Pasquim e Folha da Manhã. Fazendo parte do boom de humor da década de 70, simbolizou a resistência à ditadura militar.


Não obstante os outros gêneros como o de super-heróis, faroeste e horror continuaram a inspirar algumas produções nacionais: no final de 1969 surgiu o artista marcial mascarado Judoka, considerado o principal super-herói brasileiro até então (ele apareceu em um filme de 1973 estrelado por Pedro Aguinaga e Elisângela). Aproveitando a onda do western spaghetti foram criados Johnny Pecos, Chet, Chacal, Katy Apache dentre outros.


Na linha da crítica política e social apareceu a revista Balão, fundado pelo Laerte e pelo Luiz Gê e publicada por alunos da USP e com a curta duração de dez números, revelou autores consagrados até hoje, como os irmãos Paulo e Chico Caruso, Xalberto, Sian e o incrível Guido (ou Gus), entre outros.


Em 1976 a Editora Grafipar, que publicava livros, resolve entrar no mercado de Quadrinhos, em 1978 Cláudio Seto montou um Núcleo de Quadrinhos na Editora, a editora teve nomes como Mozart Couto, Watson Portela, Rodval Matias, Ataíde Braz, Sebastião Seabra, Franco de Rosa, Flávio Colin, Júlio Shimamoto, Gedeone Malagola, entre outros.


Gutemberg Cruz lança no jornal A Tarde a coluna semanal Quadrinhos em Estudo (1977). E no dia 18 de julho começa a ser publicado no jornal A Tarde as tiras em quadrinhos diárias dos personagens Os Bichim, de Nildão; Niquita, de Dílson Miflej; Bacuri, de Carlos França; Nego & Nega, de Romilson; Juá, de Sebas: Grilote, de Reinaldo; e mais tarde Brito, de Vleber; O Verme, de Calafange.


Ainda em 1977 o desenhista Daniel Azulay lança no Jornal do Brasil a série Gilda, uma vaca baiana, vaidosa, que adora ver televisão, mas teme as segundas intenções do diretor. Ela é uma voraz consumidora de produtos anunciados pela TV. Já o desenhista Miguel Paiva lança no Jornal do Brasil a série Dr. Freud, o psicanalista dominado por fortíssimo complexo de Édipo e tarado sexual. Ele é um grande investidor. Investe particularmente nas neuroses do paciente. Baseado na obra literária de Edy Lima, a Rio Gráfica e Editora lança a revista A Vaca Voadora (1977), textos de Sandra Siqueira e desenhos de Ambrósio Moreira. O personagem principal é uma criança, Lalau, um menino que vê e julga os adultos, completamente loucos que vivem a sua volta.


E Ziraldo lança a Turma do Pererê nas edições dominicais do Jornal do Brasil. O Porco com Cauda de Pavão (1978), o mais novo personagem das HQs do baiano Caó (Alvaro Cruz Alves) é também o título da sua primeira exposição em Salvador, no ICBA. Ainda em 1978 Ziraldo cria Mineirinho, o Comequieto, uma ironia sobre o machismo brasileiro.

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