24 novembro 2011

Homossexualidade nos quadrinhos (1)

As histórias em quadrinhos são espelho da sociedade, refletem a cultura em que se insere, seja na maneira de vestir, modismo, manias, filosofias, hábitos alimentares linguagens e sexualidade. Algumas décadas atrás falar de homossexualismo ainda era tabu. Hoje o tema é “quase” comum em páginas – de alguns países – de gibis. Mas o que se nota nos quadrinhos atuais são histórias com personagens secundários, ou mesmo narrativas alternativas acontecendo em plano paralelo (outra dimensão). Tudo para não “assustar” o leitor.


Tanto que o primeiro personagem abertamente gay da turma do Archie, Kevin Keller, irá se casar em janeiro de 2012. o evento acontecerá em Life With Archie n.16, publicação que apresenta futuros alternativos do personagem principal. Na edição de janeiro, Keller será mostrado como um herói de guerra que volta a Riverdate e se casa com seu grande amor. Keller foi criado em 2010 e desde então recebeu várias críticas positivas. O personagem foi criado por Bob Montana.


Em 2009, a revista X-Force apresentou o primeiro beijo gay entre super-heróis. No exemplar 45, lançado nos Estados Unidos, os ex-colegas Rictor e Shatterstar saem do armário. Na história, Shatterstar é tirado de um transe por Rictor e Guido

Jean-Paul Beaubier, mais conhecido como Estrela Polar (North Star) foi criado por John Byrne e Chris Claremont como um integrante da Tropa Alfa, um grupo de heróis canadenses. A primeira HQ do rapaz apareceu em Uncanny X-Men n.120 (em 1979), mas o rapaz só saiu do armário em uma história em 1983. Mesmo após a definição, a homossexualidade do personagem não era inicialmente citada ou comentada e sim sugerida de maneira sutil, de acordo com as regras internas da Marvel na época. Isso porque existia o Comics Code, a censura disfarçada em “ código de ética” que imperou por décadas nas publicações estadunidenses.


Na versão Millenium (Ultimate), publicada no Brasil nos gibis do Homem-Aranha Millenium, não só Jean Paul é assumidamente e abertamente gay como outro mutante famoso dos X-Men, Colossus (Pietr rasputin), é seu namorado. Colossus é um russo super-forte que consegue transformar sua pele em “aço orgânico”. Quando sai do armário, outro mutante que até então era seu amigo, Noturno, se revela homofóbico e a amizade acaba. A paixão de Colossus por Estrela Polar faz com que ele chegue a mutilar Wolverine em um conflito para salvar o namorado (todos se recuperam, menos Estrela Polar, que acaba paralisado em decorrência de uma overdose). Toda essa narrativa é uma versão alternativa, ou seja, uma maneira da editora faturar com o tema.


Se na Marvel há mutantes gays, na DC a coisa fica mais restrita aos personagens secundários, ainda que de maneira mais resolvida e aberta que na concorrente. Nas HQs do Superman, por exemplo, John Byrne criou a policial Maggie Sawyer, lésbica assumidíssima. Nas histórias do Flash, o originalmente vilão Flautista saiu do armário duplamente: deixou de ser vilão e se revelou homossexual. Tem ainda a Batwoman...


A editora Wildstorm tirou do armário os dois maiores ícones da concorrente por meio de uma paródia. Authority, série da Wildstorm estrelada por uma espécie de Liga da Justiça hardcore, que suja as mãos para impor a lei a seu modo, traz o que claramente são versões homossexuais de Superman e Batman: Apollo e Meia-Noite. Criados por Warren Ellis, os dois são namorados e casca-grossas. Apollo é um super-humano cujos poderes são alimentados pela luz solar, dotado de força descomunal, invulnerabilidade, poder de vôo e a capacidade de disparar rajadas de energia pelos olhos. Meia-Noite possui implantes neurais que o tornam o lutador perfeito.


Camelot 3000 apresentou uma lésbica um tanto quanto diferente. Em uma história que mistura invasão alienígena e reencarnação, ressurgem no ano 3000 personagens lendários como o rei Arthur, Lancelot, Merlin e outros. Sir Tristaun (Tristão) reencarna em um corpo feminino, mas com suas memórias de homem, e vive um dilema não só porque não quer ser tratado como literalmente uma lady como também porque redescobre sua amada Isolda, que reencarnou como mulher mais uma vez. Ao final da série, que é uma maravilhosa releitura dos cavaleiros da Távola, as duas mulheres têm um final romântico e sexualmente feliz.

O cowboy Rawhide Kid, um dos primeiros super-heróis dos quadrinhos a assumir ser homossexual, agora pode ser lido no iPad e no iPhone. Rawhide Kid apareceu em 16 revistas da Atlas Comics (antecessora da Marvel, de Março de 1955 a Setembro de 1957). Em agosto de 1960, Stan Lee, Jack Kirby e Dick Ayers resolveram continuar a série. Kirby fez os desenhos até Fevereiro de 1963 (n. 32). Stan Lee foi substituído nos roteiros pelo seu irmão Larry Lieber. O fim da série se deu em Maio de 1979, com a revista número 151.Rawhide Kid era rápido no gatilho, mas sua fala tranquila e seu jeito de garoto o faziam ser frequentemente subestimado pelos seus antagonistas. Numa controversa série de 2003 da Marvel MAX, de 5 edições, Rawhide Kid foi revelado como homossexual. Os artistas foram Ron Zimmerman e o veterano John Severin.


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