24 fevereiro 2010

O que há por trás da fita branca?

Um filme que não pode passar em branco. Preto no branco, cinza, tudo escuro e assustador. Silêncio. Fita Branca, do austríaco Michael Haneke que venceu o Festival de Cannes 2009, é um filmaço. Intrigante, instigante, incendiário, inovador. Um grupo de crianças é doutrinada com alguns ideais e se tornam juízes dos outros. Sabe aquelas pessoas que constrói uma ideia de uma forma absoluta que acaba virando uma ideologia. E coitado de quem estiver perto e não tem possibilidade alguma de se defender. Nazismo, facismo, judaismo, islamismo, qualquer nome que você venha a dar a esse tipo de problema pode encaixar nesse esquema brutal de pensamento único, fatalista. Verdadeira raíz do mal.

Numa comunidade rural na Alemanha (1913 /1914) estranhos e violentos incidentes começam a ocorrer. E passamos a conhecer o barão dono das terras e seus empregados submissos, o médico autoritário, a parteira e seu filho com problemas mentais, o pastor protestante rigoroso, o professor tímido, um enxame de crianças reprimidas e entediadas. E é nesse vilarejo que, em close up, conhecemos pessoas de feições sem traços de culpa ou de remorso, limpas. Cuidado com o que você vê superficialmente. A verdade não está lá fora (como queria informar o Arquivo X), mas bem dentro de nós.

O silêncio do diretor é impactante. O peso ditatorial da religião, o protecionismo a atos violentos, a sociedade de controle, tudo em preto e branco mostrado com nuances cinzentas que descambam para o que há de mais negro na alma humana. Assustador. Desarma e cala o espectador.

As crianças são oprimidas por uma educação severa e cruel. Os castigos são dolorosos e obriga a um respeito absoluto pela hierarquia. Ninguém pode opinar e o machismo é dominante, cruel. O filme de Haneke é uma crítica profunda a vários tipos de autoritarismo. E pode ser visto com várias leituras. Quem assiste não fica indiferente. Depois da premiação em Cannes a fita tem duas indicações para o Oscar 2010 ( filme estrangeiro e fotografia). Vale ressaltar o excelente trabalho em preto-e-branco do renomado Christian Berger. (OBS: Agradeço a dica do amigo Cassiano, do blog Museu do Cinema)


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Um comentário:

Cathy disse...

Louca para assistir esse filme meu amigo...
Lembrei-me agora de nossas trocas cinematográficas, sempre feitas as sextas-feiras, onde vc, quase sempre me "presenteava" com dvds pirataa de excelente qualidade...hehehe
Oh saudade.