22 dezembro 2009

RECANTO DO VENTO

Texto: Gutemberg Cruz
Ilustração: Estúdio Cedraz

Segundo capítulo:

E o vento de outono voltou a soprar pelas bandas do Nordeste, o pequeno vento Althurzinho estava com saudades da terra do sertão.... Tudo parecia calmo naquela colina distaste. A piscina estava cheia d´água, mas Guto não estava disposto a nadar naquelas águas frias do Odemar (lembra-se do primeiro capítulo dessa historinha onde um sujeito “arredio”' conhecido como Odemar espalhou ondas para todos? Mas nem todos tinham coragem de atravessar aquele mundão de água. Para que as pessoas se aproximassem dele, ele reservou uma parte de seu corpo líquido na piscina lateral da casa).

Era outono, e as folhas ressecadas no verão estavam caindo das árvores. Os coqueiros dançavam ao som dos ventos outonais. O cajueiro não dava frutos, mas o que se destacava naquele pequeno sítio era o pêssago. Guto molhava todos os dias para que a planta se desenvolvesse mais. Até que um dia surgiu uma orquídea no centro do sítio. Linda, de cor rósea, aquela flor irradiava beleza em todo o “recanto do vento”, nome do sítio, dado por Guto. Encantado com a bela planta, ele batizou-a de Janete (até que enfim a vovó entrou na estória...Atenção, este parentese é em off).

Todas as manhãs, Guto acordava, passeava pelo sítio para molhar as plantar e conversava longamente com a Janete, uma de suas plantar preferidas. Mas ele não queria que as outras plantas soubessem disso para no causar ciúmes. Quando o sol se escondeu na colina e a lua apareceu para iluminar a noite, o vento Arthurzinho apareceu todo folgoso. Soprou aqui e acolá, correu em disparada pelo sítio, sentiu o perfume das flores, passeou rentamente pelas ondas do Odemar (que parecia um colchãozinho de água...ops! Este parêntese também é em off), e finalmente bateu na porta (toc toc toc). Guto abriu e deu-lhe um longo abraço. Em seguida Althurzinho disse:

- Tinha que me afastar por um longo tempo, vou com meus pais para a cidade grande. Lá vou aprender tudo da vida, vou conhecer os outros ventos, vou amadurecer meu sopro e também brincar com outros ventinhos. A escola dos ventos é uma necessidade para todos, por isso espero que você não se aborreça e não fique sozinho. A nossa amiga Zete, uma professora maluquinha, vai lhe presentear com uma cachorrinha chamada Lindinha, você vai gostar. Mas é preciso cuidar dela como se fosse alguém da família e anda triste e faminta. Trate-a come se fosse alguém da família, dê carinho e comida. Será sua nova companhia.

Ao terminal de falar, o ventinho Arthur soprou forte no rosto de Guto e foi embora. Triste, Guto adormeceu ali mesmo, na sala. Na manhã seguinte, Zete apareceu toda ruidosa. Cantava sem parar e esfregava suas mãos delicadas no pelo da cadelinha. Sua Lindinha, uma pequena cadela de pelo liso e amarelado.

Lindinha estava com frio, fui buscar um cobertor para aquecê-la e, em seguida, ela adormeceu em meus braços. Zete, contente, foi embora, estava atrasada para os primeiros dias de aula. Era uma professora muito querida entre os alunos.

Naquela noite de lua cheia, as estrelas pareciam brilhar mais. A estrelinha Soninha se destacava pela luminosidade que emitia. E, cada vez mais, ela se aproximou da colina. Guto estava olhando atentamente e, junto com a orquídea Janete, ouviu da brilhante estrela o seguinte:

- Guto, agora você não pode se queixar da solidão. De dia tem o sol Luiz, à noite você pode conversar comigo, nos intervalos do tempo tem Janete, Zete, Odemar e agora a Lindinha. O que vale a pena na vida é conhecer pessoas interessantes, saber de sua trajetória, aprender com e1as....O que mais vale a pena na vida é aprender a viver... É sempre bom ajudar o próximo e não perder o ânimo de acordar todas as manhãs e respirar fundo para viver um novo dia. lsso é que é bom...


O garoto ouviu aquelas palavras sábias da estrelinha e ficou mais próximo da orquídea Janete. E pensou, e pensou até lembrar das palavras de um velho filósofo chinês chamado Confúncio, “a orquídea exala perfume de reis”. E respirou fundo. Considerada as flores mais nobres porque antigamente eram privilégios dos ricos e nobres, hoje as orquídeas são acessíveis a todos.

Ele estava de pensamento na lua quando ouviu um barulhinho diferente no quintal. Era Lindinha que vinha correndo para seu colo. Guto pegou naquele animal, fez cosquinha na barriga dela e falou suavemente:

- Lindinha, muito cuidado quando passares por perto das plantas. Não pise em nenhuma delas, principalmente na Janete, certo?

Lindinha balançou o rabinho como afirmasse que entendeu tudo...

E onde andarás o vento Arthurzinho? Será que ele está com novas amigos pelos ventos do Sul?
No percam mais um capítulo do Recanto do Vento....a mais demorada estorinha que se leu na net (Internet)....
Tchan tchan tchan tchan
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Um comentário:

Unknown disse...

Ola guto amei e concordo no que você fala que : O que vale a pena na vida é conhecer pessoas interessantes, saber de sua trajetória, aprender com elas....O que mais vale a pena na vida é aprender a viver... É sempre bom ajudar o próximo e não perder o ânimo de acordar todas as manhãs e respirar fundo para viver um novo dia. lsso é que é bom.