11 novembro 2008

Sociedade em rede (2)

Há também as redes empresariais, formas de cooperação produtiva e tecnológica entre empresas. Assim, na literatura econômica, essa rede de firmas podem ser concebidas como arranjos institucionais que possibilitam uma organização eficiente de atividades econômicas, por meio da coordenação de ligações sistemáticas estabelecidas entre firmas interdependentes.

Tão planejados quanto premeditados são os ataques terroristas. Nas redes terroristas os membros compartilha conhecimento dentro das estruturas funcionais com um objetivo básico. Nas cidades há diferentes tipos de redes urbanas, feito da aticulação de múltiplas conexões como o transporte público, o saneamento, energia etc. Assim, na vida urbana é necessário refletir os planos de informação que redefinem atores, objetos e ações para a gestão se tornar fluída.
Na história da arte, artistas de todas as nacionalidades e inclinações ideológicas partilharam um objetivo comum ao experimentar a arte postal. Foi uma das primeiras manifestações artísticas a tratar com a comunidade em rede, em grande escala. Entre os anos 60 e início dos 80, em países com regimes opressores, a arte postal se tornou a única forma de intervenção artística anti-establishment. E se antes, os artistas acreditavam que era suficiente colocar trabalhos ao alcance de todos, hoje os artistas experimentam os novos meios de difusão e procuram menos esse grande púbico e optam por um público que tenha mais afinidade com suas idéias e propósitos. Na rede internet os ambientes multi-usuários e da mídia tática com grupos e coletivos de ação artística trabalham a realidade virtual partilhada e mostram interatividades, tipicamente autorais e independentes.

Hoje a palavra rede se tornou um termo da moda. Se os microbiologistas descrevem as células como redes de informações, os ecologistas conceituam o ambiente natural como sistemas em rede, os cientistas da computação desenvolvem redes neurais com capacidade de auto-organização e auto-aprendizagem, as ciências sociais contemporâneas estudam as novas formas de organização social através das redes.
Tem ainda as redes políticas como uma tipologia de intermediação de interesses, uma forma específica de governança. Essas redes são vistas como instituições informais – relações relativas e permanentes, não organizadas formalmente, recíprocas (não-hierárquicas), entre atores que procuram obter ganhos coletivos. As redes são baseadas em regras de consenso para a obtenção de um resultado comum. Elas reduzem custos de transação e da informação e criam confiança mútua entre os atores, diminuindo a incerteza e assim o risco de defecção. Por causa dessas funções, as redes servem como um arcabouço institucional ideal para a auto-coordenação horizontal entre os atores públicos e privados, no qual a formulação de política se ampara num ambiente cada vez mais complexo, dinâmico e diversificado, onde a coordenação hierárquica não pode funcionar. Haja rede! Para quem gosta do assunto vale conferir o livro “O Tempo das Redes” (Perspectiva).

“Além das Redes de Colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder” é o título do livro lançado pela Editora da Universidade Federal da Bahia. Foi organizado pelos professores Sérgio Amadeu da Silveira (Cásper Líbero-SP) e Nelson Pretto (Faculdade de Educação da Ufba) como resultado de seminários realizados pela Casa de Cinema de Porto Alegre em parceria com a Associação Software Livre, ocorridos no segundo semestre de 2007, como parte do Programa Cultura e Pensamento do Ministério da Cultura.

Reunindo acadêmicos de várias áreas do conhecimento, ativistas e artistas, “Além das Redes de Colaboração” trabalha a contradição entre as possibilidades de criação e disseminação culturais inerentes às redes informacionais e as tentativas de manter a inventividade e a interatividade sob o controle dos velhos modelos de negócios construídos no capitalismo industrial. O livro pretende jogar luz sobre essas batalhas biopolíticas para decifrar as disputas sociotécnicas em torno da definição de códigos, padrões e protocolos. Por isso, as tecnologias da informação e da comunicação foram avaliadas em suas dimensões mais importantes. As explicações nascidas da matriz do pensamento único, a qual procura esconder suas determinações histórico-sociais sob o discurso de uma racionalidade neutra, foram confrontadas com aquelas que pretendem dar transparência aos processos e politizar o debate sobre tais dimensões tecnológicas e sobre as históricas relações entre a ciência, o capital e o poder.

O cineasta Jorge Furtado apresentou assim a coletânea: “Ao mesmo tempo que devora, digere e recria o telefone, o cinema, a televisão, os correios, o rádio e a indústria fonográfica, a internet se aproxima do sonho de Borges de uma biblioteca infinita, onde o saber humano está disponível ao alcance de um toque. O que fazer com tão imenso poder é a pergunta que definirá o nosso futuro. Esse livro é uma boa contribuição para o debate”.O livro “Além das Redes de Colaboração” pode ser encontrado nas melhores livrarias. A Editora da Universidade Federal da Bahia é a responsável pela distribuição da versão impressa. Quem não puder desembolsar R$35,00 para adquirir o livro, poderá baixá-lo gratuitamente direto do site em formato PDF. Para tanto basta ir ao site:
http://rm.softwarelivre.org/alemdasredes, que sua versão integral está lá disponibilizado para todos.

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