02 fevereiro 2007

Música & Poesia

Tanta Saudade (Chico Buarque)

Era tanta saudade, é pra matar
Eu fiquei até doente, eu fiquei até doente menina
Se eu não mato a saudade, é deixa estar
Saudade mata a gente, saudade mata a gente menina
Quis saber o que é o desejo, de onde ele vem
Fui até o centro da Terra e é mais além
Procurei uma saída e amor não tem
Estava ficando louco, louco de querer bem
Quis chegar até o limite de uma paixão
Baldear o oceano com a minha mão
Encontrar o sal da vida e a solidão
Esgotar o apetite, todo o apetite do coração
Mas voltou a saudade
É pra ficar, aí eu encarei de frente
Aí eu encarei de frente, menina
Se eu ficar na saudade, é deixa estar
Saudade engole a gente, sau...dade engole a gente menina

Quis saber o que é .... apetite do coração
Ai amor, miragem minha, minha linha do horizonte
É monte atrás de monte, é monte
A fonte nunca mais que seca, ai saudade ainda sou moço
Aquele poço não tem fundo, é um mundo, dentro um mundo


Mulher remota (Pablo Neruda)

Esta mulher cabe em minhas mãos. É branca e ruiva, e em minhas mãos a levaria como a uma cesta de magnólias.

Esta mulher cabe em meus olhos. Envolvem-na os meus olhares, meus olhares que nada vêem quando a envolvem.

Esta mulher cabe em meus desejos. Desnuda está sob a anelante labareda de minha vida e o meu desejo queima-a como uma brasa.

Porém, mulher remota, minhas mãos, meus olhos e meus desejos guardam inteira para ti a sua carícia porque só tu, mulher remota, só tu cabes em meu coração.

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