21 junho 2006

Reich queria repolitizar a vida quotidiana

O psicanalista austríaco Wilhelm Reich (1897/1957) dava grande ênfase à importância de desenvolver uma livre expressão de sentimentos sexuais e emocionais dentro do relacionamento amoroso maduro. Reich enfatizou a natureza essencialmente sexual das energias com as quais lidava e descobriu que a bioenergia era bloqueada de forma mais intensa na área pélvica de seus pacientes. Ele chegou a acreditar que a meta da terapia deveria ser a libertação dos bloqueios do corpo e a obtenção de plena capacidade para o orgasmo sexual, o qual sentia estar bloqueado na maioria dos homens e das mulheres. As opiniões radicais de Reich a respeito de sexualidade resultaram em consideráveis equívocos e distorções de seu trabalho por autores futuros e, conseqüentemente, despertaram muitos ataques difamatórios e infundados

Compilou volumes de pesquisa sobre a sexualidade humana e foi o primeiro a analisar os orgasmos e dividi-los em quatro fases. Ele pregava a sexualidade como caminho para se chegar ao inconsciente e acreditava que a sexualidade genital está ligada à saúde física e mental do homem. Um de seus temas prediletos era o da liberação sexual das crianças e adolescentes, vítimas, a seu ver, da família, que era descrita como “uma fábrica de ideologias autoritárias e de estruturas mentais conservadoras”. Ele pretendia repolitizar a vida quotidiana e sobretudo a sexualidade.

Filho rebelde de Freud, marxista dissidente, judeu anti-nazista, suposta vítima da “repressão” americana, ele foi reabilitado na década de 70 pela juventude dos países capitalistas, que ressuscitou seu sonho de vida e que buscou em sua obra uma resposta para a infelicidade de viver. Reich estava convencido de que a sexualidade humana é naturalmente harmoniosa e pacífica. Somente as alienações sociais e as repressões da sociedade autoritária fazem esta sexualidade desviar-se para o patológico. A natureza humana é naturalmente boa; a sexualidade é naturalmente “sadia”. Este otimismo ontológico se manifesta ao longo de toda a sua obra com uma certeza absoluta. É sua repressão, sua regulamentação moral ou religiosa – e somente ela – que leva o indivíduo à neurose, aos vícios de todo tipo, aos ressentimentos de ordem social, ou até mesmo ao fascismo. Ou seja, bastaria assegurar a livre satisfação daquelas necessidades para tornar totalmente inútil o próprio conceito de moral.

“O indivíduo sadio, apto a uma plena satisfação sexual, é capaz de auto-regulação”. Em outros termos, a felicidade sexual da população constitui a melhor garantia de segurança do corpo social. É a livre satisfação do prazer sexual sadio, e não sua domesticação ou seja regulamentação familiar, que permite apaziguar a vida em sociedade.

Segundo Reich, a maior parte das próprias doenças psíquicas têm origem na repressão, desde a infância, da atividade genital. Como o primeiro e o mais famoso dos psicanalistas sexuais radicais, Reich viu uma de suas reforma social radical serem difamadas por vários grupos, desde os psicanalistas ortodoxos, as organizações religiosas, o governo norte americano, até aqueles que ele taxava publicamente de “fascistas vermelhos”. Reich era o flagelo do casamento burguês e via na sexualidade genital – em sua frustração ou em seu cultivo – o indicador para os sofrimentos da modernidade.

Para Reich, a maioria dos instintos socialmente perturbadores, como a agressividade, as taras, a violência sexual, não passam de consequência da repressão sexual imposta aos indivíduos da sociedade. Amoral repressiva das sociedades autoritárias deforma os instintos sexuais que acabam se exteriorizando agressivamente e prejudicialmente para a própria comunidade. Nessas condições, a moral repressiva (ou a civilização que esteriliza os instintos de prazer) é a grande responsável pela violência e agressividade da humanidade, e não, como afirmava Freud, uma necessidade para suprimir ou refrear tais instintos. A moral repressora – afirma Reich – serve menos para represar instintos nocivos à sociedade, e mais para atender aos interesses das classes dominantes em manter os seus privilégios econômicos.

Reich acreditava que a reforma política sem liberdade sexual é impossível: liberdade e saúde sexual são a mesma coisa. Embora defendesse a igualdade da expressão sexual para as mulheres, deu particular atenção aos direitos sexuais das crianças e dos adolescentes. Como o primeiro e o mais famoso dos psicanalistas sexuais radicais, Wilhelm Reich foi perseguido por vários grupos, desde os psicanalistas ortodoxos, as organizações religiosas e o governo norte-americano. Segundo ele, a sexualidade, expressa de modo adequado, é a nossa principal fonte de felicidade, e quem é feliz está livre da sede de poder. Para Reich, o caráter é uma formação defensiva, uma “armadeira” protetora desenvolvida para se resistir às vicissitudes de vida. O método terapêutico de Reich envolve atravessar a armadura do caráter, destruindo o “equilíbrio neurótico” do indivíduo. Antecipando o caminho mais tarde traçado por Marcuse, Reich declara que a cultura moderna é especificamente repressiva. A pornografia era encarada por Reich como o produto da libido frustrada.

2 comentários:

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